sexta-feira, 4 de novembro de 2011
O Estado policial americano
Quem será o próximo,
depois da Líbia?
Se os planos de Washington forem bem-sucedidos, a Líbia vai se tornar mais um Estado fantoche dos Estados Unidos. A maior parte das cidades e infraestruturas foi destruída por ataques das forças aéreas dos EUA e dos seus fantoches da Otan.
Paul Craig Roberts, Global Research
Empresas estadunidenses e europeias agora obterão polpudos contratos, financiados pelos contribuintes norte-americanos, para reconstruir a Líbia. O novo parque imobiliário será cuidadosamente concedido a uma nova classe dirigente escolhida por Washington. Isto colocará a Líbia firmemente sob as patas de Washington.
Com a Líbia conquistada, o Africom começará a olhar para os outros países africanos nos quais a China tem investimentos em energia e mineração. Obama já enviou tropas para a África Central sob o pretexto de derrotar o Exército da Resistência de Deus, uma pequena insurgência contra o ditador vitalício.
O porta-voz republicano da Câmara, John Boehner, saudou a perspectiva de mais uma guerra ao declarar que o envio de tropas dos EUA para a África Central "promove os interesses estadunidenses de segurança nacional e a sua política externa". O senador republicano James Inhofe acrescentou mais alguns dedos de prosa sobre a nobre ação de salvar "crianças ugandesas", uma preocupação que o senador não teve com as crianças da Líbia, da Palestina, do Iraque, do Afeganistão e do Paquistão.
Washington ressuscitou o Jogo da Superpotência e está competindo com a China. Mas enquanto a China faz investimentos e ofertas de infraestrutura à África, Washington envia tropas, bombas e bases militares. Mais cedo ou mais tarde a agressividade de Washington em relação à China e à Rússia irá explodir nas nossas caras.
De onde vem o dinheiro para financiar o Império Africano de Washington? Não é do petróleo líbio. Grandes porções do mesmo foram prometidas aos franceses e britânicos, que deram cobertura a esta última guerra aberta de agressão. Não de receitas fiscais de uma economia estadunidense em colapso, onde o desemprego, se medido corretamente, é de 23%.
Como o deficit do orçamento anual de Washington tão enorme como é, o dinheiro só pode vir das máquinas de impressão.
Washington já fez as máquinas de impressão trabalharem o suficiente para elevar o índice de preços ao consumidor – urbano (CPI-U) a 3,9% ao ano (até o fim de setembro), o índice de preços ao consumidor – para trabalhadores e empregados administrativos (CPI-W) a 4,4% ao ano e o índice de preço no produtor (PPI) a 6,9% ao ano.
Como mostra o estatístico John Williams (shadowstats.com), as medidas oficiais de inflação são manipuladas a fim de manter baixos os ajustes de custo de vista para os que recebem da Seguridade Social, o que poupa dinheiro que será usado nas guerras de Washington. Quando medida corretamente, a taxa de inflação atual dos EUA é de 11,5%.
Que taxa de juros podem obter os poupadores sem assumir riscos maciços com os títulos gregos? Os bancos dos EUA pagam menos do que 0,5% nos depósitos de poupança assegurados pelo FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation). Títulos a curto prazo do governo dos EUA pagam essencialmente zero.
Portanto, de acordo com estatísticas oficiais do governo estadunidense, os poupadores norte-americanos perdem anualmente entre 3,9% e 4,4% do seu capital. Segundo a estimativa da taxa real de inflação feita por John Williams, os poupadores dos EUA perdem hoje 11,5% das suas poupanças acumuladas.
Quando norte-americanos aposentados não recebem juros sobre as suas poupanças, eles têm de gastar o seu capital. A capacidade deles de sobreviverem, mesmo os mais prudentes, com as taxas de juro negativas que recebem e a erosão pela inflação de quaisquer pensões que recebam chegará a um fim uma vez que seus ativos acumulados sejam exauridos.
Exceto para os multimilionários protegidos de Washington, o 1% que capturou todos os ganhos de rendimento dos últimos anos, o resto dos EUA foi remetido para o caixote do lixo. Nada, o que quer que seja, foi feito para eles desde o golpe da crise financeira de dezembro de 2007. Bush e Obama, republicanos e democratas, centraram-se em salvar o 1% enquanto davam de ombros para os 99%.
Finalmente, alguns norte-americanos, embora não em número suficiente, entenderam o "patriotismo" desfraldador de bandeira que os remeteu para o caixote do lixo da história. Eles não vão afundar sem um combate e estão nas ruas. O Occupy Wall Street propaga-se. Qual será o destino deste movimento?
Será que a neve e o gelo do inverno vão acabar com os protestos, ou os remeterá para dentro de edifícios públicos? Quanto tempo as autoridades locais, subservientes a Washington como são, toleram o sinal óbvio de que falta à população qualquer confiança que seja no governo?
Se os protestos perdurarem, especialmente se crescerem e não forem dobrados, as autoridades infiltrarão os manifestantes com provocadores da polícia, que dispararão contra os policiais. Isto será a desculpa para abaterem os manifestantes e prenderem os sobreviventes como "terroristas" ou "extremistas internos" e enviá-los para os campos de US$ 385 milhões construídos por contrato do governo dos EUA pela Halliburton de Cheney.
Em seguida o Estado policial Amerikano
O Estado Policial Amerikano terá dado seu passo seguinte para o Estado de Campo de Concentração Amerikano.
Enquanto isso, perdidos na sua inconsciência, conservadores continuarão a resmungar acerca da ruína do país devido ao casamento homossexual, ao aborto e às mídias "liberais". Organizações liberais comprometidas com a liberdade civil, tais como a ACLU, continuarão a equiparar o direito da mulher a um aborto com a defesa da Constituição dos EUA. A Anistia Internacional apoiará Washington, demonizando o seu próximo alvo de ataque militar enquanto fecha os olhos aos crimes de guerra do presidente Obama.
Quando consideramos que Israel, sob a proteção de Washington, tem escapado impune – apesar de crimes de guerra, assassinatos de crianças, a expulsão em total desrespeito ao direito internacional de palestinos da sua terra ancestral, da derrubada das suas casas com bulldozers e da extração das suas oliveiras a fim de entregar terras a "colonos" fanáticos – podemos apenas concluir que Washington, o viabilizador de Israel, pode ir muito mais longe.
Nestes poucos anos de início do século 21, Washington destruiu a Constituição dos Estados Unidos, a separação de poderes, o direito internacional, a responsabilidade do governo e sacrificou todo princípio moral a fim de alcançar a hegemonia sobre o mundo inteiro. Esta agenda ambiciosa é empreendida ao mesmo tempo que Washington acaba com toda a regulamentação sobre Wall Street, o lar da cobiça maciça, permitindo ao horizonte de curto prazo de Wall Street arruinar a economia do país, destruindo portanto a base econômica para o assalto de Washington ao mundo.
Será que os EUA entrarão em colapso, num caos econômico, antes de dominarem o mundo?
Fonte: Global Research
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