sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Área 51

A instalação da Força Aérea dos Estados Unidos conhecida geralmente como a Área 51 é um destacamento remoto da Base Aérea de Edwards, dentro da Área de Teste e Treinamento de Nevada. De acordo com a Agência Central de Inteligência (CIA), os nomes corretos para a instalação são Aeroporto Homey (ICAOKXTA) e Lago Groom,[1][2] embora o nome "Área 51" seja usado em um documento da CIA da Guerra do Vietnã.[3] O espaço aéreo de uso especial em torno do campo é referido como Área Restrita 4808 Norte (R-4808N).[4]
O objetivo principal atual da base é publicamente desconhecido; contudo, com base em evidências históricas, ela provavelmente apoia o desenvolvimento e teste de aeronaves experimentais e sistemas de armas (projetos negros).[5] O intenso sigilo em torno da base a tornou tema frequente de teorias de conspiração e um componente central para o folclore que envolve objetos voadores não identificados (OVNIs).[6][7] Embora a base nunca tenha sido declarada como secreta, todas as pesquisas e ocorrências na área são informações confidenciais.[6] Em julho de 2013, após um pedido do Freedom of Information Act (FOIA) arquivado em 2005, a CIA reconheceu publicamente a existência da base pela primeira vez, ao detalhar a história e a finalidade da instalação.[8]
A Área 51 está localizada no condado de Lincoln na parte sul de Nevada, no oeste dos Estados Unidos, 134 km ao noroeste de Las Vegas. Situado no seu centro, na margem sul do Lago Groom, está um grande aeródromo militar. O local foi adquirido pela força aérea de Estados Unidos em 1955, principalmente para o teste do voo do Lockheed U-2.[8] A área em torno da Área 51, incluindo a pequena cidade de Rachel na "Estrada Extraterrestre", é um destino turístico popular.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Lula, a ética e o jogo pesado dos doutores

Durante décadas e décadas os meios de comunicação vêm nos dizendo que a corrupção que cobre o imenso Brasil é causada única e exclusivamente por uma entidade chamada "governo", a qual, logicamente,  é constituída por políticos, burocratas, funcionários de maior ou menor poder etc e tal. Nunca ouvimos falar do corruptor, o sujeito que "compra" os serviços oferecidos pelo corrupto - e que, em 1.000% dos casos se trata do "impoluto" representante do setor privado.

Foi sempre assim e continua assim: os maus, esses terríveis bandidos que se apoderaram do setor público, e os bons, os nossos exemplares empresários que fazem tudo de acordo com a lei, que são incapazes de oferecer propinas e que tais para ganhar concorrências, serviços ou o que for, que nunca sonegaram um centavo de impostos, que seguem a ética e a moral passo a passo em suas realizações.
Essa é uma opinião tão incrustada na consciência popular que quando uma liderança de raro instinto sociológico como o ex-presidente Lula, durante um debate sobre os dez anos de governos petistas, diz que não existe político "irretocável do ponto de vista do comportamento moral e ético", muita gente se choca.

Por mim, prefiro ver que ainda existe gente como Lula, que usa a sinceridade no dia a dia, do que outras autoridades como esses ministros do Supremo Tribunal Federal, que estão ajudando a afundar de vez o pouco que resta do prestígio do Judiciário brasileiro, essa aberração que sabe perfeitamente distinguir a culpa dos réus apenas pela cor de sua pele, pelo tecido de suas roupas, pelo couro de seus sapatos, pela marca do carro e nome dos advogados.
Lula pegou pesado na sua análise.

Disse que a imprensa nacional tenta vender a imagem de que existem políticos ideais, que, segundo ele, não existem. Na sua avaliação, há setores que tentam promover a negação da política como forma de prejudicar o PT. Segundo ele, isso ocorreu na eleição da presidente Dilma Rousseff e também na eleição municipal de São Paulo em 2012. E  apesar disso, ele fez um apelo aos mais jovens para que não desistam da política. "Quando vocês não acreditarem em mais ninguém, no Lula, no (Fernando) Haddad, na Dilma, em ninguém, nem no Paulo Maluf... ainda assim, pelo amor de Deus, não desistam da política", afirmou, segunda-feira, à plateia do Centro Cultural São Paulo, na capital paulista.

"O político ideal que vocês desejam, aquele cara sabido, aquele cara probo, irretocável do ponto de vista do comportamento ético e moral, aquele político que a imprensa vende que existe, mas que não existe, quem sabe esteja dentro de vocês."

Esse é o Lula, o metalúrgico nordestino "analfabeto" que chegou à Presidência da República duas vezes e conseguiu tirar o país do buraco em que se encontrava quando era governado por sabidos intelectuais.
E ele está errado?

Basta ver o esforço que o STF, junto com a Procuradoria-Geral da República, está fazendo para  criminalizar a atividade política brasileira para dar razão ao ex-presidente.

E se os doutos ministros fazem isso é porque de bobos eles não têm nada. Sabem perfeitamente que o prêmio desse jogo que se arriscam a jogar, metendo o país numa grave crise institucional, vale a pena.

Afinal, eles têm interesses muito além dos nossos, pobres mortais.

O País onde os ditadores vão para a cadeia

Morre Videla. Na Argentina. Onde ditador vai para a cadeia.

Morreu, nesta quinta (17), de “causas naturais”, o general e ex-ditador Jorge Videla, aos 87 anos, no Centro Penitenciário Marcos Paz, onde cumpria pena de prisão perpétua por cometer crimes de lesa humanidade.

Ele comandou o golpe de março de 1976, que derrubou o regime democrático, e coordenou a repressão entre 1976 e 1983 – quando mais de 30 mil pessoas foram assassinadas por questões políticas, e mais de 500 bebês de ativistas foram sequestrados ou desapareceram. Em 2010, foi condenado à prisão perpétua, depois de ter sido condenado e anistiado anteriormente. Videla chegou a confessar que as mortes foram necessárias.

A Argentina pode ter um milhão de problemas. Mas conseguiu lidar com seu passado de uma forma bem melhor do que nós, punindo responsáveis por sua ditadura militar (uma das mais cruéis da América Latina), reformando sua anistia.

Por aqui, as coisas não funcionaram assim.

Por exemplo, o coronel Erasmo Dias morreu, em 2010, aos 85 anos. Na época, muita gente entrou em júbilo orgásmico com a notícia. Entendo a alegria de todos os que, durante a ditadura, foram atropelados pelos seus cavalos ou torturados sob sua responsabilidade. Mas não deixo de dar meus pêsames pela nossa incompetência, por não conseguirmos fazer com que esse arauto da retrocesso respondesse por tudo aquilo que fez. De 1974 a 1979, Erasmo ocupou o cargo de secretário de Segurança Pública em São Paulo, garantindo a ordem sob as técnicas persuasivas da Gloriosa. Ficou conhecido pela invasão da PUC-SP em setembro de 1977, ao reprimir um ato pela reorganização da União Nacional dos Estudantes.

Um amigo comentou que a “justiça” finalmente havia chegado para Erasmo através do câncer que o consumiu. Discordo. O sujeito com 85 anos, morando confortavelmente, sem ter que responder pelo passado, passa dessa para a melhor e isso é “justiça”? Não só não tivemos a competência para abrir e limpar publicamente as feridas que ele causou, como a sociedade ainda o elegeu deputado federal, deputado estadual e vereador.

Outra alma ceifada tempos atrás pela mesma “justiça” foi a do Coronel Ubiratan, responsável pela execução de 111 presos na Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo. Não é que a sociedade não conseguiu puni-lo, ela não quis puni-lo. Ele fez o servicinho sujo que muitos paulistanos desejam em seus sonhos mais íntimos, de limpeza social. Morreu em 2006, em um crime não solucionado. Estava a caminho de ser facilmente reeleito como deputado estadual, ironizando o país ao candidatar-se com o número 14.111.

Os dois não são casos únicos. Se listássemos os fazendeiros que assassinaram trabalhadores e lideranças rurais no Brasil e morreram com processos criminais (lentamente) tramitando contra eles, gastaríamos hectares e mais hectares. Quer mais um exemplo? O julgamento de Vitalmiro Bastos de Moura, condenado por ser um dos mandantes do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, foi novamente cancelado.

Todos os que lutam para que os direitos humanos não sejam um monte de palavras bonitas emolduradas em uma declaração sexagenária não se sentem contemplados com o passamento de Erasmo Dias, Ubiratan, ou mesmo de ditadores como Pinochet. Mas podem ficar tranquilos com a ida de Videla.

Não quero fazer Justiça por minhas mãos, não sou lelé da cuca. Quero apenas que a nossa justiça funcione. Ou, no mínimo, que a nossa sociedade consiga saldar as contas com seu passado.

Por aqui o governo brasileiro resolveu não mais tentar buscar a revisão da Lei da Anistia. Mais do que punir torturadores, seria uma ótima forma de colocar pontos-finais em muitas das histórias em aberto e fazer com que pessoas tivessem, pela primeira vez em décadas, uma noite de sono inteira. A Presidência da República resolveu investir suas fichas na Comissão da Verdade, criada pelo Congresso Nacional. Ela é uma grande iniciativa. Mas, mesmo assim, não irá garantir que representantes daquele tempo, como o coronel Brilhante Ustra, deixem de reinventar a História como quiserem sem medo de serem punidos.
...
Como já disse aqui, o impacto de não resolvermos o nosso passado se faz sentir no dia-a-dia dos distritos policiais, nas salas de interrogatórios, nas periferias das grandes cidades, nos grotões da zona rural, com o Estado aterrorizando parte da população (normalmente mais pobre) com a anuência da outra parte (quase sempre mais rica). A ponto de ser banalizada em filmes como Tropa de Elite, em que parte de nós torceu para os mocinhos que usavam o mesmo tipo de método dos bandidos no afã de arrancar a “verdade”.

A justificativa é a mesma usada nos anos de chumbo brasileiros ou nas prisões no Iraque e em Guantánamo, em Cuba: estamos em guerra. Ninguém explicou, contudo que essa guerra é contra os valores que nos fazem humanos e que, a cada batalha, vamos deixando um pouco para trás. Esse é o problema de sermos o país do “deixa disso” ou mesmo do “esquece, não vamos criar caso, o que passou, passou” e ainda do “você vai comprar briga por isso? Ninguém gosta de briguentos”.

Enquanto não acertarmos as contas com nossa história, não teremos capacidade de entender qual foi a herança deixada por ela – na qual estamos afundados até o pescoço e que nos define.

Leia mais em: Blog Sujo : O país onde ditadores vão para a cadeia
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Executivo estadual participa de inauguração do novo centro cirúrgico do Hospital NSA de Camaquã

O novo bloco cirúrgico do HNSA - Hospital Nossa Senhora Aparecida de Camaquã foi inaugurado nesta quinta-feira (16/05), com as presenças do vice-governador, Beto Grill, e do secretário estadual da Saúde, Ciro Simoni. A nova unidade contou com investimentos de R$ 565,8 mil do Governo do Estado, para a compra de equipamentos e de R$ 303,2 mil da Consulta Popular para a reforma e ampliação do local.
Do município, teve a contrapartida de R$ 51,9 mil, e R$ 146,3 mil foram investidos pelo próprio hospital. As instalações ocupam 473 metros quadrados, com a ampliação de três para cinco salas e de seis para nove leitos de recuperação. O Hospital Nossa Senhora Aparecida de Camaquã é referência para 17 municípios da 2ª Coordenadoria Regional de saúde.
Durante a cerimônia de inauguração, o vice-governador Beto Grill lembrou a importância do hospital para todo
Centro-Sul. "Como membro do corpo clínico, tenho pleno conhecimento do quanto este hospital representa para todos os municípios da região", disse. Para o vice-governador, a inauguração do novo centro cirúrgico se alinha à ideia de política pública de saúde que vem sendo desenvolvida em todo o Estado. "Queremos garantir que os hospitais-referência em âmbito regional tenham a capacidade de oferecer serviços em pequena e média complexidade com eficiência e qualidade, desafogando os grandes centros", disse. Estes passam, então, a serem procurados em casos que exigem um nível maior de expertise e tecnologia. 
UTI será próximo investimento
O secretário Ciro Simoni salientou o crescente repasse de recursos destinados àquele hospital na atual administração, tanto em repasses diretos, quanto em cofinanciamento hospitalar. Ciro anunciou que o próximo passo do Governo do Estado é a instalação de uma UTI em Camaquã. Como o Hospital é filantrópico, ele destacou o esforço da SES junto à Federação das Santas Casas para que todas as entidades mantenedoras atendam aos requisitos de obtenção/manutenção da filantropia.

O superintendente do Hospital Nossa Senhora Aparecida, Antonio Omar Machado, ressaltou o apoio que vem sendo dado à instituição. "Tem sido uma caminhada de muito trabalho e esforço conjunto para que o nosso hospital esteja apto a realizar todas as contratualizações e possa oferecer a comunidade da região os serviços necessários, com a qualidade de atendimento que os cidadãos merecem", apontou
 
 
(Fotos: Claiton Silva). 
 
 
Fonte: http://juares69.blogspot.com.br

São Lourenço do Sul: Município recebe mais de R$ 1,2 milhões em maquinário

Atendendo a demanda da comunidade, através do Orçamento Participativo (OP), foram entregues pelo prefeito Daniel Raupp, na manhã de quarta-feira (15), as chaves de duas máquinas motoniveladoras e uma retroescavadeira à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (SMDR). 
O investimento de mais de R$ 1 milhão em infraestrutura rural foi pleiteado como prioridade pelos moradores das regiões V (Boqueirão, Boa Vista e Reserva), VI (harmonia, Taquaral, Bom Jesus II e Santa Augusta), VII (Santa Teresa, Cantagalo e Faxinal) e VIII (Prado Novo, Coqueiro, Sítio e Distrito Sede).

Na ocasião foram entregues à SMDR uma retroescavadeira Randon, adquirida através de emenda parlamentar do deputado federal Marco Maia (PT), no valor de R$ 214 mil, e uma motoniveladora New Holland, adquirida por meio de um convênio com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, emenda do deputado federal Henrique Fontana (PT), no valor de R$ 443.100,00. A máquina motoniveladora Caterpillar, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), no valor de R$ 402 mil, entregue pela presidente Dilma Roussef ao prefeito Daniel Raupp, em uma cerimônia realizada no Cais do Porto, na capital do Estado, em abril deste ano, também foi recebida pela SMDR.

Segundo o prefeito Daniel Raupp, os equipamentos novos permitem um atendimento mais rápido e eficiente à comunidade lourenciana e também proporciona uma redução nos gastos da Administração Municipal. “O maquinário mais antigo tem um menor rendimento e um custo muito alto com manutenção e esses gastos devem ser cobertos pelos recursos próprios arrecadados pelo município. O investimento em máquinas novas reduz despesas com eventuais consertos e o consumo de combustível.” – explica o prefeito.

Raupp também destaca o trabalho dos servidores municipais que contribuíram para a aquisição destes equipamentos e a importância do investimento. “Desde a elaboração do projeto, articulação com os deputados temos trabalhado muito para que possamos receber estes equipamentos.” – afirma o prefeito, satisfeito pela conquista que atribui à comunidade lourenciana, que tem se organizado, cobrando e participando da gestão, definindo suas prioridades. Os novos equipamentos vão proporcionar a qualificação do serviço prestado pelas secretarias, resultando em um melhor atendimento à comunidade e melhorias na infraestrutura urbana e rural.

Para qualificar o trabalho executado pela Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo (SMOU), foi entregue uma retroescavadeira JCB. Representando um investimento de R$ 226.479,30 recursos próprios, a nova máquina irá auxiliar no trabalho de confecção das redes de drenagem.

Fonte: http://www.portaldecamaqua.com.br/

Afinal, quem tem medo da democracia no Brasil?

Por Emir Sader

Uma imensa disputa ideológica e politica se dá em torno da democracia? Quem é democrático e quem não é? Uma disputa para se apropriar do termo, com a pretensão de que quem apareça como democrático, será automaticamente hegemônico.

Ocorre que tudo depende do conceito predominante de democracia. Quem poderia dizer que as oligarquias familiares, proprietárias monopolistas dos meios de comunicação tradicionais no Brasil, apareçam como as mais defensoras da democracia, supostamente ameaçada pelo Estado que promove o maior processo de democratização na sociedade brasileira, com o apoio maçico da grande maioria da população, em consultas eleitorais amplas e abertas, com a participação majoritária da população?

Isso ocorre porque falamos de coisas distintas quando falamos de democracia. A concepção dominante, de que se valem aqueles órgãos e os partidos da oposição, remete à concepção liberal de democracia. Esta nasceu fundada nos direitos dos indivíduos, contra o Estado, considerado a maior ameaça à liberdade e à democracia.

É uma concepção fundada nos indivíduos, considerados a única realidade efetiva nas sociedades. Margareth Thatcher chegou a afirmar que: “Não há mais sociedade, só indivíduos”- utopia maior do liberalismo. É em torno dos direitos individuais que se estruturaria a sociedade.

Numa sociedade como a norteamericana, entre os direitos inalienáveis expressos na Constituição, está o direito do porte de armas, para que os indivíduos se defendam do Estado. (Não importa se as armas terminam nas mãos de crianças, que matam os colegas na escola ou o seu irmãozinho.) De tal forma os direitos individuais se sobrepõem aos direitos coletivos, que Obama não conseguiu, mesmo esgrimindo o massacre de crianças naquela escola dos EUA, limitar esse direito inalienável que os norteamericanos se reservam.

Segundo os preceitos liberais, se há separação de poderes, se há eleições periódicas, se há pluralidade de partidos, se há imprensa livre (atenção: para eles imprensa livre quer dizer imprensa privada), então haveria democracia. O liberalismo utiliza critérios institucionais, políticos, formais, para definir democracia. O próprio Brasil foi, durante muito tempo, o país mais desigual do mundo, porém passou a ser considerado democrático, quando passou a respeitar aqueles cânones, não importando que fosse uma ditadura econômica, social e cultural.

Hoje, quando o Brasil passa por um processo inédito de democratização social, as oligarquias se sentem ameaçadas. Já não controlam o governo nacional, perdem sistematicamente as eleições em nível nacional, sentem que camadas sociais que eram sempre postergadas por eles veem reconhecidos seus direitos e reagem de forma violenta.

Para que se torne efetivamente uma democracia, o Brasil precisa passar por um processo de democratização econômica, política e cultural. Precisa democratizar a economia, quebrando a hegemonia do capital especulativo, promovendo o predomínio dos investimentos produtivos, que gerem bens e empregos. Precisa promover amplamente a pequena e a média produção no campo, aquela que gera empregos e produz alimentos para o mercado interno.

Precisa democratizar as estruturas de representação política, promovendo o financiamento público das campanhas eleitorais, para que os parlamentos representam efetivamente a população, sem a intermediação falseadora do dinheiro.

Precisa democratizar o Judiciário, para que seja um órgão eleito e controlado pela cidadania e não pelas oligarquias do poder e da riqueza.

Precisa democratizar os processo de formação da opinião pública, quebrando o monopólio privado das poucas famílias que dominam de forma monopolista os meios de comunicação. Não se trata de que se impeça alguém de falar mas, ao contrário, que se permita que todos falem, pela multiplicação e diversificação dos distintos meios de comunicação.

A democracia é a maior ameaça ao poder das oligarquias tradicionais. Por isso reagem de maneira tão irada aos processos de democratização em curso na sociedade brasileira.


Postado por Emir Sader

Noite para celebrar os avanços do Brasil

A nova geopolítica internacional foi o tema do seminário que marcou o aniversário de 10 anos do PT no governo federal, evento que aconteceu na noite de terça-feira (14/5) no Teatro Bourbon Country. O assunto foi apresentado por Marco Aurélio Garcia, assessor da presidência para assuntos internacionais, que trouxe uma análise muito positiva do posicionamento do Brasil no cenário internacional. Porém, o que os cerca de mil militantes que lotavam o teatro esperavam eram as falas dos líderes do decênio que mudou o Brasil: Dilma e Lula.

Garcia abriu o encontro mostrando que hoje o mundo olha para o exemplo brasileiro em busca de soluções para os problemas econômicos, mas principalmente sociais. “Hoje, o Norte está no Sul. É para o Brasil que olham em busca do caminho para vencer as tendências conservadoras e sacudir os partidos de esquerda dos países desenvolvidos. Temos a missão, de juntos, construir novos paradigmas”, frisou.

Para Garcia, o grande acerto do governo Lula foi ampliar as relações externas e priorizar o fortalecimento da América Latina, com resultados expressivos. A presença comercial do Brasil aumentou em todas as regiões do mundo, e as trocas comerciais brasileiras quadruplicaram na última década. Em 2003, o fluxo do comércio exterior brasileiro foi de U$S 122 bilhões. Em 2012, a cifra saltou para U$S 466 bilhões. Isso foi decisivo para que o País passasse da posição de 15ª economia mundial em 2013 para o 6º lugar em 2013.
Ato político
 
O governador Tarso Genro abriu o ato político salientando que agora se inicia um novo ciclo no projeto democrático do país. O chefe do Executivo gaúcho disse que o desenvolvimento e a radicalidade democrática, conquistados a partir de Lula e consolidados com a presidenta Dilma, passará por um período de novos desafios. “Isso se dá por três razões: a grande mobilidade social promovida pelo governo, que significa que foram lançados no mercado e na cidadania mais de 40 milhões de brasileiros; poque, como dizem Lula e Dilma, o cenário global que é de crise é também de delegação para países como nosso; e por último porque a oposição está sem rumo e sem projeto”, disse.
O presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão, salientou que o Brasil continua precisando de reformas e convidou toda a militância para divulgar e participar do projeto de lei de iniciativa popular pela reforma política. Falcão também disse que está na hora do governo dar um segundo salto. “O futuro não é mero prolongamento do presente. Queremos que este segundo salto complete sua trajetória e que o fim da pobreza seja apenas o começo. Que consigamos realizar todas as reformas que o país merece: política-eleitoral, tributária, de Estado, com expansão da liberdade de expressão. O PT quer continuar governando com Dilma no comando e tendo o povo como protagonista”, falou.

A fala do ex-presidente Lula incendiou o público. Entre brincadeiras (“Dilma, depois que a gente vira ex-presidente é um problema, ninguém mais traz água para a gente”) e dados sérios (“O Brasil virou um país importante na geopolítica internacional. Tínhamos sido a 8ª economia do mundo, caímos pra 13º e hoje somos a 6ª. Não tínhamos representação internacional, hoje temos FAO, a OMC e, se der certo, os Direitos Humanos da OEA”) que comprovam o sucesso da década petista no governo federal, Lula atraiu muitos aplausos.

O ex-presidente também falou sobre política internacional. Salientou que o governo superou a problemática subordinação do Brasil à Alca e priorizou o fortalecimento da América Latina, América do Sul e Mercosul. “Vencemos o complexo de vira-lata que tomava conta do país. Fortalecemos o Mercosul, construímos a Unasul, buscamos a unidade entre América do Sul e África, América do Sul e Oriente Médio; a presidenta Dilma fortaleceu os BRICS e Ibas. O Brasil não precisa pedir licença pra fazer jogo na política internacional. Não somos mais coadjuvantes e isso exige mais do governo e da sociedade brasileira”, disse.

Da política internacional para a relação com o povo, Lula salientou que a participação e os canais abertos do governo para ouvir as críticas e sugestões é o que fazem a diferença em um governo. “A melhor coisa do governo é a relação com as pessoas. Ponte, viaduto todo mundo faz igual, a diferença é a aliança com o povo, a crença de que nós podemos fazer a diferença. Os ricos não precisam do governo, quem precisa é a parte pobre da população e o Estado tem que governar pra ela.”

Lula ainda arrancou risos com brincadeiras com a rivalidade Grenal, fez piada da maneira como a grande mídia retrata o Brasil e apostava que ele e Dilma se desentenderiam assim que ela assumisse o poder. Para encerrar, convidou a plateia a uma reflexão. “No dia em que vocês acordarem com alguma dúvida sobre o que o PT fez nesse país, fechem os olhos e imaginem o que seria desse país sem os 10 anos de PT.”

A presidenta Dilma iniciou sua fala elogiando a militância gaúcha pelos 33 anos do PT e pela presença que tem no governo e na construção da última década. Dilma também abordou a questão internacional e disse que esse é um dos setores em que fica mais evidente o quanto o país avançou. “Os ganhos que tivemos com nosso reposicionamento internacional são muitos e importantes. Exemplos disso são a escolha do diplomata brasileiro Roberto Azevedo para a direção geral da OMC e a eleição do ex-ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome José Graziano da Silva para comandar a FAO são exemplos claros do nosso protagonismo no cenário internacional”, disse.

Para Dilma, o sucesso na área internacional acontece porque o Brasil aplica a concepção de que os relacionamentos devem ser baseados no respeito e repulsa as práticas tradicionais que subjugam os outros países. “Temos a marca do respeito pelos outros países, reconhecemos as necessidade de benefícios mútuos. Países com maior força econômica e política precisam ser mais generosos, é o que eu chamo de princípio ‘Lula da Silva’ nas relações internacionais”, revelou.

A presidenta salientou que o Brasil hoje dá exemplo e perspectivas. “Somos das vozes que se erguem para dar ao mundo um caminho. A visão que se tem é mais realista, pois percebem o imenso potencial que temos aqui. Nos respeitam também pelo fato de que, durante o período de crise, fomos o país que mais criou empregos no mundo”, exemplificou. Dilma também negou os boatos sobre a fragilidade da Petrobras. Segundo a presidenta, o leilão realizado pela Agência Nacional do Petróleo é uma das evidências de que a petrolífera brasileira continua forte e com confiança internacional.

Dilma encerrou lembrando uma crônica de Luis Fernando Veríssimo escrita durante a composição do governo Olívio, em que descrevia o secretariado e ela era definida como “gaúcha de propósito – nos dois sentidos”. “Isso diz muito sobre o coração e o que se aprende aqui no Rio Grande do Sul. É fundamental teimar e ter posições claras.” Dilma disse ainda que o PT nasceu representando o novo e que, 33 anos depois, ainda o representa.

Por Paula Coruja
Foto João Eduardo

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

NYT: AVIÕES DOS EUA GERAM ULTRAJE NO IRAQUE, MAS FROTA CRESCE

VANT “Global Hawk”
Por Eric Schmitt e Michael S. Schmidt, no “The New York Times”

"NOSSO CÉU É NOSSO, NÃO É DOS EUA", diz um iraquiano

“Bagdá - Um mês depois de os últimos militares americanos terem deixado o Iraque, o Departamento de Estado está operando uma pequena frota de VANT (veículos aéreos não tripulados), ou aviões de vigilância. Alguns altos funcionários do Iraque dizem que os aviões não tripulados representam afronta à soberania iraquiana.

O programa foi descrito pela divisão de segurança diplomática do Departamento de Estado em termos gerais em um prospecto on-line de duas páginas para empresas que poderiam participar de licitações para administrar o programa. Ele pressagia possível ampliação das operações de VANT no braço diplomático do governo americano; até agora, eles foram usados principalmente pelo Pentágono e a CIA (Agência Central de Inteligência).

Empresas americanas dizem que foram informadas que o Departamento de Estado poderá utilizar aviões de vigilância não tripulados em um punhado de outros países "de alto risco", incluindo a Indonésia e o Paquistão, e no Afeganistão após a saída da maior parte das tropas americanas, nos próximos dois anos.

Os VANT representam o exemplo mais recente dos esforços do Departamento de Estado para assumir funções no Iraque que antes eram realizadas pelos militares. O Departamento de Estado começou a operar alguns VANT de modo experimental no Iraque no ano passado, intensificando o uso deles depois de os últimos soldados americanos terem deixado o país, em dezembro.

Um alto funcionário americano disse que estão em curso negociações para obter a autorização do Iraque para as operações atuais com os VANT. No entanto, Ali al-Mosawi, assessor de alto nível do primeiro-ministro, Nuri Kamal al Maliki; Falih al Favadh, assessor de segurança nacional do Iraque, e o ministro interino do Interior, Adnan al Asadi, falaram que não foram consultados pelos americanos. Asadi disse que se opôs ao programa dos VANT: "Nosso céu é nosso céu, não é o céu dos EUA".

O Pentágono e a CIA vêm intensificando o uso de VANT armados Predator e Reaper para lançar ataques contra militantes em lugares como o Paquistão, Iêmen e Somália. Mais recentemente, os Estados Unidos ampliaram suas bases de VANT na Etiópia e nas ilhas Seychelles.
 
VANT Predator 
VANT Reaper, derivado do Predator

Enquanto isso, os VANT do Departamento de Estado não carregam armas; sua finalidade é fornecer dados e imagens sobre perigos possíveis, como protestos públicos ou bloqueios de estradas, para uso por pessoal de segurança em terra, segundo autoridades americanas. São muito menores que os VANT armados, com envergaduras que podem ser de apenas 45 centímetros, contra 17 metros no caso dos aviões Predator.

O Departamento de Estado confirmou a existência do programa, descrevendo os aparelhos como veículos aéreos não tripulados. "É verdade que o Departamento tem um programa de VANT", disse o departamento em comunicado à imprensa. "Os VANT que estão sendo usados pelo Departamento de Estado não são armados nem podem ser armados."

Quando as forças americanas ainda estavam no Iraque, "blimps" (dirigíveis) brancos equipados com sensores sobrevoavam muitas cidades, garantindo aos americanos capacidades de vigilância para além das dos VANT armados e desarmados usados pelas forças armadas. Mas os dirigíveis aterrissaram no final do ano passado, quando os militares completaram sua retirada. Prevendo isso, o Departamento de Estado começou a desenvolver suas próprias operações com VANT.

Alguns especialistas independentes familiarizados com as operações dos VANT expressaram ceticismo quanto à capacidade do Departamento de Estado de administrar uma empreitada tão complicada e arriscada.

"O Departamento de Estado precisa entender que não é uma agência com experiência em conduzir operações de estilo militar", falou Peter W. Singer, autor de "Wired for War", um livro sobre robótica para fins militares.

Muitos iraquianos ainda nutrem ceticismo profundo em relação aos Estados Unidos. "Se eles têm medo que seus diplomatas sejam atacados no Iraque, então que os tirem do país", opinou o engenheiro Mohammed Ghaleb Nasser, 57, de Mossul, no norte do país.

Hisham Mohammed Salah, 37, proprietário de um internet-café em Mossul, não diferencia os aviões não tripulados de vigilância dos que disparam mísseis.

"De tempos em tempos, ouvimos falar que aviões não tripulados mataram metade de um povoado no Paquistão ou no Afeganistão, sob o pretexto de perseguir terroristas", disse Salah. "Nosso medo é que isso aconteça no Iraque, sob um pretexto diferente."

FONTE: escrito por Eric Schmitt e Michael S. Schmidt, no “The New York Times”. Transcrito na “Folha de São Paulo”

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Concessão dos Aeroportos foi estratégia de redistribuição de renda

A concessão dos Aeroportos de Guarulhos, Brasília e Viracopos à inciativa privada desagrada a quem é contra as privatizações, por princípio.

E a princípio, o governo Dilma é contrário à privatizações. Então qual é a lógica dessas concessões?


Se olharmos bem a operação ao longo dos 20 a 30 anos, veremos que não há uma política pública de diminuição do Estado no setor aéreo, e sim um remanejamento de capital estatal de uma região para outra, a fim de promover o desenvolvimento regional.


O governo está arrecadando dinheiro em mercados ricos como São Paulo e Brasília, para investir em mercados menos desenvolvidos que precisam de aeroportos melhores, como nas regiões Norte, Nordeste, no Pantanal, em Foz do Iguaçu, etc. O resultado disso será melhor distribuição de renda, principalmente para a indústria do turismo.


A concessão rendeu R$ 24,5 bilhões pelo que já existe em São Paulo, Campinas e Brasília. Esse dinheiro é destinado ao Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), que tem a finalidade de garantir verbas para outros aeroportos a serem reformados ou construídos sob direção ESTATAL, especialmente os regionais.

Portanto, o dinheiro do setor aéreo não está sendo "desestatizado", está sendo remanejado da região mais rica para as regiões mais pobres, corrigindo desequilíbrios regionais.
Outra fonte de receita destes aeroportos concedidos, também para reinvestir nos aeroportos estatais através deste Fundo:
- 10% do faturamento bruto anual de Guarulhos;
- 5% do faturamento bruto anual de Viracopos;
- 2% do faturamento bruto anual de Brasília.
Por fim, a Infraero continua dona da concessão de 49% destes três aeroportos e, portanto, continuará tendo metade dos lucros deles.
A ideia de conceder à iniciativa privada assusta, e protestos como os da CUT são justos, válidos e compreensíveis, pela má experiência das privatizações no passado, mas dessa vez nada tem a ver com o que foi feito na era tucana. Eis as diferenças:

- O governo concedeu por decisão estratégica própria, e não por imposição do FMI, nem por necessidade de pagar dívidas.
- Não há diminuição do estado no setor. O dinheiro será investido em outros aeroportos estatais.
- A concessão tem prazo: 20 anos para Guarulhos, 25 para Brasília, e 30 para Viracopos, podendo prorrogar apenas por 5 anos. Depois disso, os Aeroportos voltam às mãos Estado e, se lá o governo quiser deixar 100% nas mãos da Infraero ou fazer novo leilão, pode decidir o que for melhor.
- A Infraero não foi privatizada. Ela perdeu espaço nestes Aeroportos por uma mão, mas ganhará pela outra, nos Aeroportos estatais que receberão investimentos do FNAC.
- Se a Infraero não foi privatizada, não haverá demissões em massa de seus funcionários, como ocorria na privataria tucana. No máximo ocorrerá remanejamento, se houver excedente em algum dos aeroportos concedidos.
Se olharmos o todo, a operação foi engenhosa. Havia pouco interesse do capital privado em investir nas outras regiões, e havia muito interesse em investir em São Paulo e Brasília. O governo jogou com os investidores para fazer uma triangulação: captou dinheiro em São Paulo, que será investido no Nordeste, na Amazônia, no Pantanal, etc.
Detalhe: São Paulo e Brasília não terão nenhum prejuízo. Pelo contrário, as concessionárias estão obrigadas a investir R$ 16 bilhões nos 3 aeroportos ao longo dos anos, para ampliação e modernização.

Em tempo: o BNDES não está financiando o valor da concessão, como há gente mal informada dizendo por aí. O BNDES oferece empréstimo para obras de ampliação dos aeroportos, como sempre fez com outros empreendimentos industriais e de infra-estrutura.

A ciberguerra contra Cuba


Os governos incômodos do “Quarto Mundo”


Um processo de desenvolvimento tecnológico vertiginoso e cada vez mais global gerou uma revolução na tecnologia da informação, que transformou progressivamente o modo de pensar, produzir, consumir, fazer comércio, administrar e de relacionamento entre as pessoas. Ele estabeleceu como cultura o conceito de “realidade virtual”, ou seja, o real não se resume ao mundo físico como há 20 anos, mas em uma unidade entre o tangível e o virtual.

Segundo um artigo divulgado pela agência BBC Mundo, no último dia 25, a rede digital global avança como um voraz furacão e poucas vezes houve uma oportunidade para deter esse caminho e refletir sobre o seu crescimento. Onde antes reinavam as vendas de estéreo hoje imperam as de auriculares. Se entrássemos em uma máquina do tempo e viajássemos dez anos no passado, descobriríamos que, para tirar uma foto, escutar música ou filmar um vídeo, eram necessários três aparelhos diferentes. Mas agora essas atividades, e outras mais, se converteram para um único equipamento: um telefone inteligente.

Logicamente, um processo de evolução tecnológica como este é dominado por monopólios que respondem às minorias mais poderosas. Favorece o amplo acesso para determinados segmentos ou grupos sociais e gera uma assimetria em relação a outros grupos populacionais – carentes de importância para os interesses do capitalismo global – que os desconectam cada vez mais dos serviços que geram poder cultural e econômico. Esta massa de pessoas sem possibilidades reais de incidir de forma plena em um mundo profundamente interconectado, é chamada por alguns pesquisadores de “O Quarto Mundo”.

É nesse cenário internacional desigual que avança a sociedade cubana, que utiliza seu limitado acesso ao ciberespaço como ferramenta educativa ao serviço de seus cidadãos e para a difusão da verdade; ao mesmo tempo em que o maior império da história, mediante um bloqueio econômico e comercial, impede esta pequena ilha de obter os recursos necessários para estender os serviços na web a seu povo. Esse governo que nos ataca e seus aliados europeus geram campanhas midiáticas, em que divulgam falácias como o suposto temor do governo cubano em liberar o acesso pleno à internet e suas redes sociais, mas censura toda informação sobre a permanente agressão tecnológica que enfrenta nosso país.

Este cerco não tem precedentes na história desde a segunda metade do século passado, quando muitos dos avanços técnico-científicos se converteram em instrumentos indispensáveis para a cruzada contra o Socialismo, como parte da Guerra Fria.

A administração Obama aprovou milionários fundos dirigidos para fomentar esse “cibermercenarismo” na ilha; difamar sobre Cuba através das tecnologias de comunicação, assim como formar plataformas digitais desenhadas expressamente para evadir o controle do Estado cubano. O próprio jornal The New York Times publicou em junho de 2010 que a Casa Branca lidera um esforço global para criar uma “internet das sombras” e sistemas de telefonia móveis para “dissidentes” com o objetivo de “minar governos incômodos”. Esse plano inclui projetos secretos dirigidos a estabelecer redes independentes e garantir a vários usuários o acesso sem fio ao ciberespaço mediante plataformas portáteis (Wi-Fi), fáceis de transportar via fronteiras.

Nesta estratégia de ingerência, é considerado “legal” para o governo estadunidense fabricar “ciberdissidentes” ou mercenários virtuais orientados a difundir mensagens manipuladas ou incitar à desobediência civil em Cuba, empregando ferramentas como Twitter, Facebook, blogs e outros.  Ante esta hostilidade permanente, não se descarta que, em um futuro imediato, sejam incrementadas ações subversivas na ilha, com o emprego das tecnologias e, inclusive, gerar ações de ciberguerra, que inclui a intervenção direta do Exército em uma guerra, sob a anuência das leis, apelando ao uso das redes informáticas que controlam as infraestruturas críticas de qualquer país.

De fato, a Casa Branca recentemente deu ao Departamento de Defesa a missão para desenvolver operações ofensivas no ciberespaço caso os Estados Unidos se vejam “ameaçados” por seus “adversários”. Se estas ações não forem suficientes para causar dano, se prevê aplicar a opção de intervenção militar. Para a materialização dessa estratégia, Obama criou a infraestrutura de um cibercomando, e seu marco legal foi chamado de “estratégia internacional norte-americana para o ciberespaço”.

A ciberguerra é potencializada pelo imperialismo para subverter outras nações, convertendo a Internet em um campo de batalha, onde se empregam como armas as ferramentas virtuais, computadores e redes digitais. Nesse esquema, a estratégia subversiva não é uma opção secundária, mas a preparação de uma guerra armada frontal, que sempre começa com a fabricação dos pretextos para uma invasão.

Contra Cuba, ela se materializa através da propagação permanente na web de conteúdos contrarrevolucionários por mercenários na ilha ou indivíduos e organizações anticubanas radicadas dentro do próprio território estadunidense e em países aliados na Europa.

O financiamento para estas atividades provém de 20 milhões de dólares anuais que o Congresso dos Estados Unidos destina para a subversão contra o país caribenho, o qual se canaliza através da USAID, organização especializada em planos desestabilizadores contra Cuba. Segundo um artigo publicado no site “As Razões de Cuba”, esta entidade recebeu cerca de 150 milhões de dólares desde 1990 para destruir a Revolução, sem obter êxito algum.

Este desperdício de dinheiro dos contribuintes norte-americanos causou preocupação no senador John Kerry, que, em 2010, questionou a utilidade real destes fundos ante a inefetividade das ações subversivas planejadas contra a ilha há décadas.

Outra organização desta mesma confraria, que também se incorporou à estratégia subversiva contra Cuba empregando componentes tecnológicos como instrumento essencial, é o IRI (Instituto Republicano Internacional), nascido em 1983 ante o auspício do então presidente Ronald Reagan.

No ano passado, a televisão, a imprensa escrita e as rádio cubanas revelaram os planos destinados a entregar equipamentos do IRI dirigidos a entregar equipes de comunicação a pessoas na ilha e criar plataformas digitais “independentes”. Elas têm o objetivo de “romper” o suposto bloqueio informativo; incrementar o acesso e o fluxo de informação sobre “democracia, direitos humanos e a livre empresa” a partir e dentro de Cuba, através de acesso sem censura à internet; particularmente objetivam prover tecnologia de ponta capaz de evitar as “restrições do governo cubano”, ação muito parecida à tentativa de desestabilização interna ocorrido em nações da África do Norte e Oriente Médio ou na fórmula empregada com a Líbia.

Nos últimos anos, o IRI financiou contratos para a manutenção e apoio de projetos tecnológicos em Cuba de caráter de ingerência. Eles custeiam viagens, consultorias, hardwares e hospedagens de administradores de redes, serviço de telefonia móvel e o apoio à criação de páginas virtuais por blogueiros ao serviço de Washington.

Essa estratégia, cuja finalidade à primeira vista parece inofensiva, como tenta fazer parecer o governo estadunidense e seus mercenários, é um plano concebido para a subversão e a espionagem contra nosso país. Para sua concretização, enviam emissários que viajam por toda ilha, fazem contatos, treinam e abastecem os cibermercenários. São atos ilegais do governo dos Estados Unidos.

Mas se fosse Cuba quem tentasse atacar os EUA introduzindo ilegalmente tecnologia para criar redes de “dissidentes”, não há dúvidas que seu governo interpretaria isso como um ato de guerra e o cibercomando do Pentágono, junto com a IV Frota, atacariam imediatamente nossa ilha.

Nessas aventuras subversivas com emprego de tecnologias de ponta, o IRI é acompanhado por  outra ONG: a Fupad (Fundação Panamericana para o Desenvolvimento). Criada em 1962 por ordem da OEA e apoio da CIA, é uma das beneficiárias dos fundos da USAID para promover a desestabilização interna na ilha. 

Segundo o site Cuba Money Proyect, no ano de 2007, de um total de 13,3 milhões de dólares distribuídos pela USAID, foi assinado um contrato de 2,3 milhões para apoiar a contrarrevolução em nosso país; e, em 2009, de um orçamento de 15,620 milhões de dólares, a Fupad recebeu três milhões para prejudicar a maior de todas as Antilhas. Este financiamento garantia aos mercenários o fornecimento de blackberries, celulares de última geração, Bgan e outros dispositivos, que precisam ser ativados a partir de outros países a custos elevados.

Depois desta análise, é inegável que Cuba figura como um furo dentro do esquema de subversão, delito eletrônico e ciberguerra patrocinados pelos Estados Unidos. Em sua legítima defesa, nosso país deve continuar aumentando sua incorporação ao processo global de desenvolvimento da tecnologias de informação para proporcionar o avanço socioeconômico que desejamos, mas também para fortalecer o combate ideológico da internet e de suas redes sociais.

Para uma nação que, segundo a União Internacional de Telecomunicações, ocupa o quarto lugar no mundo no potencial de emprego das tecnologias de informação (em um ranking de 152 nações), é um verdadeiro feito empregar suas capacidades na defesa ante um inimigo que não descansará de nos agredir. E pela simples razão de termos escolhido um destino diferente para nosso povo. Como afirmou nosso Comandante-chefe em sua reflexão no último 24 de janeiro, perduramos como a “A fruta que nunca caiu” no seio do império.

Texto publicado originalmente em Cubadebate.

"O comunismo é a ideia da emancipação de toda humanidade"

O filósofo francês Alain Badiou é um homem que não teme riscos: nunca renunciou a defender um conceito que muitos acreditam ter sido queimado pela história: o comunismo. Em entrevista à Carta Maior, Badiou fala da “ideia comunista” ou da “hipótese comunista”. Segundo ele, tudo o que estava na ideia comunista, sua visão igualitária do ser humano e da sociedade, merece ser resgatado em um mundo onde tudo passou a ter um valor mercantil. Pensador crítico da modernidade, Badiou define o processo político atual como uma “guerra das democracias contra os pobres”.



Paris - Alain Badiou não tem fronteiras. Este filósofo original é o pensador francês mais conhecido fora de seu país e autor de uma obra extensa e sem concessões. Filosofia, matemática, política, literatura e até o amor circulam em seu catálogo de produções e reflexões. Sua obra, de caráter multidisciplinar, traz uma crítica férrea ao que Alain Badiou chama de “materialismo democrático”, ou seja, um sistema humano onde tudo tem um valor mercantil.

Este filósofo insubmisso é também um homem de riscos: nunca renunciou a defender um conceito que muitos acreditam ter sido queimado pela história: o comunismo. Em sua pena, Badiou fala mais da “ideia comunista” ou da “hipótese comunista” do que do sistema comunista em si. Segundo o filósofo francês, tudo o que estava na ideia comunista, sua visão igualitária do ser humano e da sociedade, merece ser resgatado.
Defensor incondicional de Marx e da ideia de uma internacionalização positiva da revolta, o horizonte de sua filosofia é polifônico: seus componente não são a exposição de um sistema fechado, mas sim um sistema metafísico exigente que inclui as teorias matemáticas modernas – Gödel – e quatro dimensões da existência: o amor, a arte, a política e a ciência. Pensador crítico da modernidade numérica, Badiou definiu os processos políticos atuais como uma “guerra das democracias contra os pobres”.

O filósofo francês é um teórico dos processos de ruptura e não um mero panfletário. Ele convoca com método a repensar o mundo, a redefinir o papel do Estado, traça os limites da “perfeição democrática”, reinterpreta a ideia de República, reatualiza as formas possíveis e não aceitas de oposição e coloca no centro da evolução social a relegitimação das lutas sociais.
Alain Badiou propõe um princípio de ação sem o qual, sugere, nenhuma vida tem sentido: a ideia. Sem ela toda existência é vazia. Com mais de 70 anos, Badiou introduziu em sua reflexão o tema do amor em um livro brilhante e comovedor, no qual o autor de “O ser e o acontecimento” define o amor como uma categoria da verdade e o sentimento amoroso como o pacto mais elevado que os indivíduos podem firmar para viver. Sua lucidez analítica o conduz inclusive a dizer que o amor, porque grátis e total, está ameaçado pelo mundo contemporâneo.

Revoluções árabes, movimento dos indignados, mobilização crescente dos grupos que estão contra a globalização, a luta ou a oposição contra as modalidades do sistema atual se multiplicaram e sofisticaram. Analisando o que ocorreu, o que você diria hoje a todos esses rebeldes do mundo para que sua ação conduza a uma autêntica construção?

Eu diria a eles que, para mim, mais importante que a consigna da anti-globalização, a qual parece sugerir que, por meio de várias medidas, pode-se re-humanizar a situação, incluindo a re-humanização do capitalismo, é a globalização da vontade popular. Globalização quer dizer vigor internacional. Mas essa globalização internacional necessita de uma ideia positiva para uni-la e não só a ideia crítica ou a combinação de desacordos e protestos. Trata-se de um ponto muito importante. Passar da revolta à ideia é passar da negação á afirmação. Somente no plano afirmativo poderemos nos unir de forma duradoura.

Um dos princípios de sua filosofia consiste em dizer que uma vida que não está regida pelo signo da ideia não é uma vida verdadeira. Agora, como defender hoje essa ideia sob a ameaça do hiper-consumo, das falsidades e injustiças da democracia parlamentar e em um mundo onde nossa relação com o outro passa pela relação com o objeto e não com as ideias ou com os indivíduos? No mundo contemporâneo, a ideia é o produto e não a relação humana.

A verdadeira vida é uma vida que aceita estar sob o signo da ideia. Dito de outro modo, uma vida que aceita ser outra coisa do que uma vida animal. Alguns dirão que há valores transcendentes, religiosos, e que é preciso submeter o animal; outros dirão, ao contrário, que devemos nos libertar desses valores transcendentes, que Deus está morto, que viva os apetites selvagens. Mas, entre ambas, há uma solução intermediária, dialética, que consiste em dizer que, na vida, através de encontros e metamorfoses, pode haver um trajeto que nos liga à universalidade. Isso é o que eu chamo “uma vida verdadeira”, ou seja, uma vida que encontrou ao menos algumas verdades.

Chamo "ideia" esse intermediário entre as verdades universais, digamos eternas para provocar um pouco os contemporâneos, e o indivíduo. Que é então uma vida sob o signo da ideia em um mundo como este? Faz falta uma distância com a circulação geral. Mas essa distância não pode ser criada só com a vontade, faz falta algo que nos ocorra, um acontecimento que nos leve a tomar posição frente ao que se passou. Pode ser um amor, um levante político, uma decepção, enfim, muitas coisas. Aí se põe em jogo a vontade para criar um mundo novo que não estará baseado na ordem do mundo tal como é, com sua lei de circulação mercantil, mas sim em um elemento novo de minha experiência.

O mundo moderno se caracteriza pela soberania das opiniões. E a opinião é algo contrário à ideia. A opinião não pretende ser universal, é minha opinião e vale tanto quanto a opinião de qualquer outra pessoa. A opinião se relaciona com a distribuição de objetos e a satisfação pessoal. Há um mercado das opiniões assim como há um mercado das ações financeiras. Há momentos em que uma opinião vale mais do que outra; mais tarde essa opinião quebra como um país. Estamos no regime geral do comércio da comunicação no qual a ideia não existe. Inclusive se suspeita da ideia e se dirá que ela é opressiva, totalitária, que se trata de uma alienação. E por que isso ocorre?

Simplesmente porque a ideia é grátis. Ao contrário da opinião, a ideia não entra em nenhum mercado. Se defendemos nossa convicção, o fazemos com a ideia de que é universal. Essa ideia é, então, uma proposta compartilhada, não se pode colocá-la à venda no mercado. Mas como tudo o que é grátis, a ideia está sob suspeita.

Pergunta-se: qual é o valor do que é grátis? Justamente, o valor do grátis é que não tem valor no sentido das trocas. Seu valor é intrínseco. E como não se pode distinguir a ideia do preço do objeto a única existência da ideia está em um tipo de fidelidade existencial e vital para a ideia. A melhor metáfora para isso é encontrada no amor. Se queremos profundamente a alguém, esse amor não tem preço. É preciso aceitar os sofrimentos, as dificuldades, o fato de que sempre há uma tensão entre o que desejamos imediatamente e a resposta do outro. É preciso atravessar tudo isso.
Quando estamos enamorados, trata-se de uma ideia e isso é o que garante a continuidade desse amor. Para se opor ao mundo contemporâneo pode-se atuar na política, mas estar cativado completamente por uma obra de arte ou estar profundamente enamorado é como uma rebelião secreta e pessoal contra o mundo contemporâneo. Esse é o principal problema da vida contemporânea. Estabeleceu-se um regime de existência no qual tudo deve ser transformado em produto, em mercadoria, inclusive os textos, as ideias, os pensamentos. Marx havia antecipado isso muito bem: tudo pode ser medido segundo seu valor monetário.

Você é um dos poucos filósofos que defende o que você mesmo chama “a ideia comunista”. Como é possível defender a ideia comunista quando seu conteúdo histórico foi desastroso.

Penso que o conteúdo histórico das ideias sempre pode ser declarado desastroso. Os democratas nos falam da democracia, mas se olhamos de perto a história das democracias, ela está cheia de desastres. Para tomar o exemplo mais elementar, se tomamos a Primeira Guerra Mundial, ela foi lançada por democratas, democratas alemães, ingleses e franceses. Foi um massacre inimaginável, o qual já se demonstrou esteve ligado a apetites financeiros nas colônias africanas, apetites que não diziam respeito aqueles que seriam massacrados mais tarde. Houve milhões de mortos e de sacrificados em condições espantosas e, aceite-se ou não, isso é parte da história das democracias. Se interrogamos o conjunto das experiências históricas veremos que todo o mundo tem sangue até as orelhas.

No que se refere à palavra “comunista” em si, da mesma maneira que ocorre com a palavra “democracia”, sempre se pode argumentar que ambas tem sangue até as orelhas. Mas, por acaso, é preciso sempre inventar outra palavra? Tomemos, por exemplo, o cristianismo. O cristianismo é São Francisco de Assis, a santidade verdadeira, o advento da ideia de uma verdadeira generosidade para com os pobres, a caridade, etc.,etc. Mas, do outro lado, também é a inquisição, o terror, a tortura e o suplício. Por acaso vamos dizer que é um crime alguém se chamar de cristão? Ninguém diz isso. Eu defendo uma espécie de absolvição dos vocábulos. Eles têm o sentido dado pela sequência histórica da qual falamos.

De fato, o comunismo conheceu duas sequências histórias. A sequência histórica do século XIX, quando a palavra foi inventada e propagada para designar uma esperança histórica humana fundamental, a esperança da igualdade, da emancipação das classes oprimidas, de uma organização social igualitária e coletiva. Depois há outra sequência muito diferente onde se experimentou o comunismo, ou seja, se construiu uma forma de poder particular que buscou coletivizar a indústria e essas coisas, mas que, no final, se tornou uma forma de Estado despótico.

Eu proponho que não se sacrifique a palavra “comunismo” por causa desta segunda sequência, mas sim que ela seja resgatada com base na primeira sequência, possibilitando assim a abertura de uma terceira sequência.

Nesta terceira sequência, a palavra “comunismo” significaria o que sempre significou: a ideia de uma organização social totalmente distinta da que conhecemos e que já sabemos que está dominada por uma oligarquia financeira e econômica absolutamente feroz e indiferente aos interesses gerais da humanidade. Eu proponho então voltar ao comunismo sob a forma da ideia comunista: a ideia comunista é a ideia da emancipação de toda a humanidade, é a ideia do internacionalismo, de uma organização econômica mobilizando diretamente os produtores e não as potências exteriores; é a ideia da igualdade entre os distintos componentes da humanidade, do fim do racismo e da segregação e também é a ideia do fim das fronteiras.

Não esqueçamos que as fronteiras são uma grande característica do mundo contemporâneo. O comunismo é tudo isso. Se alguém inventar uma palavra formidável para designar tudo isso, que não seja a palavra comunismo, eu aceito. Mas a história da política não é a história das palavras, mas sim a história dos novos significados que podem ter as palavras. Em geral se opõe a palavra “democracia” à palavra “comunismo”. Eu digo que uma palavra não é mais inocente do que a outra. Não lutemos pela inocência das palavras. Discutamos sobre o que significam e o que significa aquilo que eu digo.